É bom ser do bem

Por Rofa Rogério Araújo

Foto: Pixabay

Dia desses, li na traseira de um carro, a seguinte frase: “É bom ser do bem”. E fiquei refletindo a respeito...

Frases sobre “ser do bem” enfatizam a importância de agir com gentileza, empatia e fazer o bem ao próximo e a si mesmo, pois isso traz felicidade e bem-estar duradouros. E não são apenas frases soltas e de impacto, mas verdadeiramente incentivam a praticar atos de paciência, a cultivar virtudes como a gratidão, e a focar no que te faz feliz, mesmo que o mundo não te valorize. 

Parece até mesmo que, hoje em dia, em meio a tantos acontecimentos estapafúrdios, esse “fazer o bem” está fora de moda e que situações das mais absurdas e do mal estão mais em voga.

Uma outra frase similar diz: “Dica do Dia: faça bem ao próximo e colha os frutos da gratidão e da felicidade”. Esse “colher frutos” só acontece após plantar primeiro e preocupar-se com o outro e não deve ser plantado contando com a colheita do sentir-se bem, pois é algo extremamente natural.

É um investimento para lá de lucrativo não por dividendos financeiros materiais, mas emocionais e na relação com o próximo e que traz um enorme estado de espírito positivo e uma alegria momentânea que pode se tonar uma felicidade cotidiana se for constante. Como bem disse Leon Tolstói: “A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira”.

Um versículo bíblico do apóstolo Paulo de Romanos 12.21 aponta essa questão: “Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem”. E não é uma grande verdade? Quando o outro espera uma grande ofensa em resposta à primeira desferida, respondemos com o silêncio ou uma ação do bem. Algo inesperado e que causa um impacto muito maior.

Alusiva a essa passagem da Bíblia está um adágio: “Responde ao mal com o bem e o bem permanecerá viçoso”. Nesse caso esse “bem” será regado e ficará vigoroso e não morrerá com uma reação de mal por razão de uma resposta à altura.

Mario Quintana, famoso e espirituoso poeta, disse com muita propriedade: “No fundo, não há bons nem maus. Há apenas os que sentem prazer em fazer o bem e os que sentem prazer em fazer o mal”. Muitos que apenas se sentem felizes quando fazem mal ao outro, caso contrário, não tem realização. Algo doentio, patológico.

Dalai Lama, líder espiritual budista tibetano, afirmou: “É durante as fases de maior adversidade que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros”. Quantos possuem essa chance e desperdiçam e preferem fazer justamente o contrário e praticam o mal?

O livro do sábio Salomão, em Provérbios 11:17, resume bem o que acontece: “Quem age com bondade faz bem a si mesmo, e quem pratica a maldade acaba se prejudicando”. Quantas vezes a pessoa age contra o outro e pensa que está realizado pelo que fez e aquela atitude fica corroendo seu interior, como se fosse um culpa ou remorso que nada parece aplacar?

Um provérbio chinês resume bem como lidar com essa história de fazer o bem ou o mal no dia a dia: “A gente todos os dias arruma os cabelos: por que não o coração?”. Quem não cuida de seu coração emocional, não apenas o físico, pode fazer coisas até mesmo que não imagina, pois não sabe lidar com ele nem como o controlar.

Assim, a frase do carro, algo dessa crônica, é a mais pura verdade e mexe com cada um: “É bom ser do bem”. Nada faz melhor à vida do que estar em paz conosco para também produzir ações do bem, prazerosas, em comunhão e não em contentas e brigas desnecessárias que afetam ao outro e, pincipalmente, a nós mesmos.

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Rofa Rogério Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.