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Compartilhe sua história com o Clube Tamoio - por Mário Lima Jr.


Foto: Uma Noite na Taverna, no Clube Tamoio
Foto: Uma Noite na Taverna, no Clube Tamoio

Milhares de gonçalenses têm uma história de intimidade com o Tamoio Futebol Clube. Se for seu caso, publique essa experiência enquanto o Tamoio ainda está de pé, para que sua lembrança se junte às memórias de outros gonçalenses. Atendendo o pedido do empresário que comprou o imóvel em outubro, contra os interesses da população inteira, a Câmara de Vereadores determinou o fim do Tamoio como patrimônio histórico e cultural de São Gonçalo.


Quando o projeto de lei aprovado na Câmara for sancionado pelo prefeito, a destruição do imóvel pode acontecer rápido. Enquanto o Tamoio ainda era patrimônio oficial, o atual proprietário tentou derrubá-lo com uma retroescavadeira. Sendo um prédio abandonado qualquer, nada poderá impedi-lo.


Minha família também tem histórias de alegria no Tamoio. Meu pai e minha mãe já foram a shows, desfiles de fantasia, festas de casamento e bailes de carnaval organizados no clube. Por causa da rotina puxada no trabalho que obrigava meu pai a passar quase o mês inteiro fora de casa, cada momento do casal tinha que ser bem aproveitado. Palco dos encontros, o Tamoio adquiriu importância especial na vida deles.



O Tamoio também marcou meu casamento de uma forma romântica, só que ao mesmo tempo engraçada. Em 2015 convidei minha esposa para assistirmos o evento literário Uma Noite na Taverna, que acontecia mensalmente no clube. Bia concordou “quase que obrigada”, como ela diz, já que poesia não faz parte das suas preferências (esse dia ainda chegará). No caminho até o Tamoio, surgiu uma esperança dentro dela: comer um lanche legal no clube, pelo menos um X-tudo caprichado, quem sabe um churrasco misto. Esperança que eu fiz questão de estimular dentro do carro, do Vila Três à Brasilândia, pra reduzir os danos do convite no relacionamento e tornar o passeio mais divertido.


Saímos do Tamoio muito bem alimentados de poesia, mas o lanche não passou de um guaravita com biscoito fofura comprado na cantina. Era tudo o que o clube e eu podíamos oferecer naquele dia. Faz mais de seis anos que ouço reclamações, mas o Tamoio, ocupado pela Taverna, proporcionou algo que não podia ser comprado em uma hamburgueria ou churrascaria. Através do contato com a arte, Tamoio e Taverna entregaram cultura e desenvolvimento humano, de forma absolutamente gratuita. Graças à parceria, carrego dentro de mim cada verso lido no palco pelos poetas da minha cidade e sou uma pessoa melhor por causa disso, mais integrada com os sentimentos do mundo.


Investimento em cultura, lazer, arte e educação é o caminho para o desenvolvimento de qualquer município. Ainda que mal administrados, destruir prédios históricos que abrigam tais atividades é o atalho perfeito para uma cidade violenta, ignorante, pobre e atrasada. Publique suas histórias no Tamoio, mesmo que considere o clube perdido. Pelo menos salvaremos um pouco da nossa dignidade.

 

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Mário Lima Jr. é escritor.




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