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Calaboca: uma outra versão, por Erick Bernardes


Reprodução Filme de Carlos Alberto de Souza Barros sobre Virajaba\Calaboca. Cinemateca Brasileira
Reprodução Filme de Carlos Alberto de Souza Barros sobre Virajaba\Calaboca. Cinemateca Brasileira

Pode-se dizer que as páginas das crônicas dedicadas ao nosso município só têm nos dado alegria. Tão logo o texto dominical se disponibiliza na mídia, não tardam surgirem assuntos, variedades e dezenas de novos pontos de vista. Com a localidade Calaboca, não foi diferente: riquezas históricas, perspectivas novas, diversidade.


Em meio a tanta leitura, seria ilógico então não surgirem elogios e reclamações. Quer saber se houve algum tipo de crítica? Claro, de todos os tipos e, para sorte nossa, inúmeras informações dignas de nos abastecerem com versões distintas ou situações com fins de renovarem o nosso arsenal temático. Resultado ótimo. Superação de expectativas. A participação ativa dos leitores não tarda em oferecer insumos à produção literária.


Renatão é um daqueles caras aficcionados por motos potentes e histórias sobre os lugares de SG. Como bom homem de estrada, ele de fato conhece bem nossa cidade e decidiu me procurar no intuito único de adquirir o Cambada e saber mais sobre o município. Pronto, ganhei um amigo e leitor, não necessariamente nessa ordem. E qual não foi a minha surpresa? Pois é, Renatão tem mais a me ensinar do que propriamente o inverso. A amizade surgiu de súbito, resultando assim em mais uma das histórias sobre a localidade Calaboca.


— Meu caro Erick, mostrei o seu livro Cambada a um amigo, e ele concordou comigo. A parte da narrativa que aponta Calaboca como bairro gonçalense fazendo divisa entre Maricá e Niterói não dá conta da realidade. Para começar, o Calaboca se encontra oficialmente em território de Maricá. Verdade, de modo algum configura logradouro gonçalense. E sobre a teoria acerca do nome engraçado, cuja explicação refere que o bairro se originou por causa dos índios Kaiapós que chegaram do Pará para ajudar na construção da ferrovia e por aqui ficaram, hum... nada disso faz sentido. Tudo balela! Os moradores antigos contam verdadeiramente como foi:


"Antes da linha férrea ser criada e, durante o seu funcionamento também, cabiam aos tropeiros a responsabilidade de fazer o transporte regular das cargas de produção. Consistiam produtos majoritariamente vindos de Maricá. O destino último dessas viagens constituía o Ponto Cem Réis, pertinho ali da atual Alameda. Aquilo que falam é sobre a simplicidade da origem do nome dado. Um desses tropeiros era um daqueles líderes de respeito do grupo mais expressivo que havia na região, o Sr. Joaquim Pereira de Mattos. Esses tropeiros, encurtavam o caminho ao atravessarem a extensão de uma fazenda. Porém não era tão fácil, pois os vigilantes cobravam deles um tipo de pedágio (a exploração vem de tempos antigos). Sendo assim, os tropeiros se organizavam para cruzar aquela região durante a noite (a malandragem também vem de tempos antigos). Dessa maneira, passariam por ali, sem ter que pagar a tal 'propina', visto que os vigilantes, não estariam tão vigilantes assim. Então, como surgiu o nome Calaboca? Simples: os tropeiros passavam por ali - o mais silenciosamente possível - e, entre eles, diziam CALA A BOCA! Ou seja, fiquem quietos, não façam barulho!"


Bem, caro leitor, fica então explicada a versão acerca do caso. Só me resta demonstrar gratidão ao meu mais recente amigo e ao rapaz que completou a narrativa.


— Renatão, me passa o número do "zap" do seu conhecido? Necessário agradecer pela versão.


Alô, André?


Assista ao vídeo da antiga estação de Cabaloca:




Erick Bernardes é escritor e professor mestre em Estudos Literários.




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