Chico e Bebete
- Jornal Daki
- 18 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de jun.
SÃO GONÇALO DE AFETOS
Por Paulinho Freitas

Semana passada fui ao mercado e encontrei com Francisco, grande amigo das antigas e que há muito tempo não via, mas dele ouvia falar. Solteiro convicto, passou a vida cantando nossa amiga, a Bebete, sem sucesso. As mulheres corriam atrás dele, mas ele tinha prazer em vê-las sofrer. Depois de alguns minutos de papo perguntei a ele se tinha esquecido aquela paixão. O semblante dele se transformou, fez uma cara de ódio e quase gritando, falou pausadamente, sílaba por sílaba, parecia mãe quando ia bater na gente:
_ EU NÃO QUE-RO MAIS SA-BER DE BE-BE-TE! Mulher raquete, me deu uma surra, sem encostar a mão em mim. Rapaz, Bebete é maquiavélica. Me jogava confete, me falava de amor e paixão e depois me bloqueava na Net, acendia meu fogo e apagava sem me dar nenhuma chance. Olha a última dela, na semana passada: Era dia dos namorados, eu com o peito explodindo de amor, a convidei para uma roda de samba. Cheio de maldade na mente, arrumei a casa, tomei banho, fiz a barba, escovei o dente e até botei colcha nova na cama. Vai vendo..., aí ela me liga cheia de carinho, falando macio, parecia uma gatinha, me pedindo um Pix urgente, para resolver umas coisas, pra gente poder sair. Mandei o Pix, gastei quase todo o salário que recebi no início do mês, acredita? Não sobrou nem pra uma cana. Faz as contas: comprei uma calça nova, foi quatrocentos e dez reais, a camisa, mais trezentos e tal e o perfume que ela gosta custou duzentos e cinquenta.
Pra ela foi cabelo, unha das mãos e dos pés, sobrancelhas, cílios, lá se foi mais trezentos merréis, estourei o meu cartão e o da minha irmã. E ainda teve mais duzentos e trinta contos que paguei pra uma menina ficar com o neném dela.
No pagode ela brilhava, sambava, rebolava, a malandragem toda de olho e eu me sentindo. Ela sempre foi linda, parece que o tempo não passou para ela. Só não sabia que ela tinha se tornado uma picareta. Lá pelas tantas, eu pronto para “enxugar o arroz”, se é que você me entende, ela começou a ficar muxoxa, foi ao banheiro e sumiu. Quase uma hora depois ela me manda um ZAP. Teve de ir embora, a menstruação dela desceu de repente, ela diz que foi muita emoção, mas quem quase morreu do coração fui eu. Ela nem menstrua mais e o “neném” dela já tem vinte e cinco anos. EU NÃO QUE-RO MAIS SA-BER DE BE-BE-TE!
Dei um abraço no meu amigo, trocamos telefone rapidamente e voei pra casa. Precisava transformar esta história em samba.
É Chico, o vento que vai daqui pra lá, é o mesmo que vem de lá pra cá. Toma jeito sujeito!
Obs: Qualquer semelhança com nomes ou fatos é mera coincidência.
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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor
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