Ela está fria
- Jornal Daki
- há 3 horas
- 2 min de leitura
SÃO GONÇALO DE AFETOS
Por Paulinho Freitas

Numa noite fria me deu aquela vontade dela, de sorvê-la, muito maior que das outras vezes. Eu sentia seu cheiro em todos os lugares da casa. Já a imaginava em minha frente, eu, como um animal a consumindo até a alma. Sugando sua essência, lambendo-lhe, deliciando-me de seu sabor, até os ossos.
O dia passou tão devagar, parecia que, coberto com aqueles lençóis de nuvens negras, também sentisse preguiça e enrolado no seu próprio tempo se negasse a deixar a noite chegar, para que eu satisfizesse meu corpo, satisfizesse meu desejo de possuí-la.
Quando a hora chegou, eu estava tão ansioso que não percebi a indiferença dela para comigo. Fui devagarinho, com medo de me queimar com seu calor, cheguei perto dela e senti como se o sol abraçasse a lua, linda e poderosa, mas com o corpo gélido como uma esquimó pelada.
Ela estava linda, uma cor que me enfeitiçava os olhos, um perfume que me embriagava e me atraía como um ímã para perto dela. Rompi com formalidades e preliminares, caí de boca, já pensando em seu sabor quente fazendo minh’alma explodir em prazer. Pobre de mim! Ela estava fria!
Empurrei-a para o lado, me levantei aborrecido e me sentei na sala. Minha amada esposa veio até a porta e perguntou o que houve. Muito contrariado, enraivecido, desculpe-me o termo, mas puto, respondi:
_ Sopa fria é uma merda!
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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor